quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Transmissão de caracteristicas hereditárias

O DNA é uma molécula muito extensa que contém toda a informação genética de um organismo. Nesta molécula existem segmentos que correspondem a unidades de informação genética, relativas a uma determinada característica, o gene.
Como os cromossomas formam pares, em que o cromossoma de origem materna e o cromossoma de origem paterna são idênticos (cromossomas homólogos), e como em cada cromossoma existe uma molécula de DNA, podemos dizer que existem normalmente 2 genes, um em cada cromossoma, responsáveis pelo aparecimento de uma determinada característica.
A descoberta de como ocorre a transmissão das características inscritas nos genes deve-se a Gregor Mendel, e às suas experiências com ervilheiras.
Actualmente sabe-se que cada característica depende da constituição de dois genes, um de cada cromossoma homólogo, que podem ser iguais ou diferentes para a característica. Ao conjunto destes dois genes chama-se genótipo. Há característica que se observa no indivíduo, como resultado do genótipo, chama-se fenótipo. Por sua vez, ao gene que se manifesta no fenótipo do indivíduo chamamos gene dominante e àquele que não se manifesta chamamos gene recessivo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Leis De Mandell

1ª Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Fatores

A comprovação da hipótese de dominância e recessividade nos vários experimentos efetuados por Mendel levou, mais tarde à formulação da sua 1º lei: “Cada característica é determinada por dois fatores que se separam na formação dos gametas, onde ocorrem em dose simples”, isto é, para cada gameta masculino ou feminino encaminha-se apenas um fator.

Mendel não tinha idéia da constituição desses fatores, nem onde se localizavam.




As bases celulares da segregação

A redescoberta dos trabalhos de Mendel, em 1900, trouxe a questão: onde estão os fatores hereditários e como eles se segregam?

Em 1902, enquanto estudava a formação dos gametas em gafanhotos, o pesquisador norte americano Walter S. Sutton notou surpreendente semelhança entre o comportamento dos cromossomos homólogos, que se separavam durante a meiose, e os fatores imaginados por Mendel. Sutton lançou a hipótese de que os pares de fatores hereditários estavam localizados em pares de cromossomos homólogos, de tal maneira que a separação dos homólogos levava à segregação dos fatores.

Hoje sabemos que os fatores a que Mendel se referiu são os genes (do grego genos, originar, provir), e que realmente estão localizados nos cromossomos, como Sutton havia proposto. As diferentes formas sob as quais um gene pode se apresentar são denominadas alelos. A cor amarela e a cor verde da semente de ervilha, por exemplo, são determinadas por dois alelos, isto é, duas diferentes formas do gene para cor da semente.



Exemplo da primeira lei de Mendel num animal

Vamos estudar um exemplo da aplicação da primeira lei de Mendel em um animal, aproveitando para aplicar a terminologia modernamente usada em Genética. A característica que escolhemos foi a cor da pelagem de cobaias, que pode ser preta ou branca. De acordo com uma convenção largamente aceita, representaremos por B o alelo dominante, que condiciona a cor preta, e por b o alelo recessivo, que condiciona a cor branca.

Uma técnica simples de combinar os gametas produzidos pelos indivíduos de F1 para obter a constituição genética dos indivíduos de F2 é a montagem do quadrado de Punnet. Este consiste em um quadro, com número de fileiras e de colunas que correspondem respectivamente, aos tipos de gametas masculinos e femininos formados no cruzamento. O quadrado de Punnet para o cruzamento de cobaias heterozigotas é:







Os conceitos de fenótipo e genótipo


Dois conceitos importantes para o desenvolvimento da genética, no começo do século XX, foram os de fenótipo e genótipo, criados pelo pesquisador dinamarquês Wilhelm L. Johannsen (1857 – 1912).



Fenótipo

O termo “fenótipo” (do grego pheno, evidente, brilhante, e typos, característico) é empregado para designar as características apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas, fisiológicas e comportamentais. Também fazem parte do fenótipo características microscópicas e de natureza bioquímica, que necessitam de testes especiais para a sua identificação.

Entre as características fenotípicas visíveis, podemos citar a cor de uma flor, a cor dos olhos de uma pessoa, a textura do cabelo, a cor do pêlo de um animal, etc. Já o tipo sanguíneo e a sequência de aminoácidos de uma proteína são características fenotípicas revelada apenas mediante testes especiais.



O fenótipo de um indivíduo sofre transformações com o passar do tempo. Por exemplo, à medida que envelhecemos o nosso corpo se modifica. Fatores ambientais também podem alterar o fenótipo: se ficarmos expostos à luz do sol, nossa pele escurecerá.



Genótipo

O termo “genótipo” (do grego genos, originar, provir, e typos, característica) refere-se à constituição genética do indivíduo, ou seja, aos genes que ele possui. Estamos nos referindo ao genótipo quando dizemos, por exemplo, que uma planta de ervilha é homozigota dominante (VV) ou heterozigota (Vv) em relação à cor da semente.



Fenótipo: genótipo e ambiente em interação

O fenótipo resulta da interação do genótipo com o ambiente. Consideremos, por exemplo, duas pessoas que tenham os mesmos tipos de alelos para pigmentação da pele; se uma delas toma sol com mais frequência que a outra, suas tonalidades de pele, fenótipo, são diferentes.

Um exemplo interessante de interação entre genótipo e ambiente na produção do fenótipo é a reação dos coelhos da raça himalaia à temperatura. Em temperaturas baixas, os pêlos crescem pretos e, em temperaturas altas, crescem brancos. A pelagem normal desses coelhos é branca, menos nas extremidades do corpo (focinho, orelha, rabo e patas), que, por perderem mais calor e apresentarem temperatura mais baixa, desenvolvem pelagem preta.



Determinando o genótipo

Enquanto que o fenótipo de um indivíduo pode ser observado diretamente, mesmo que seja através de instrumentos, o genótipo tem que ser inferido através da observação do fenótipo, da análise de seus pais, filhos e de outros parentes ou ainda pelo seqüenciamento do genoma do indivíduo, ou seja, leitura do que está nos genes. A técnica do seqüenciamento, não é amplamente utilizada, devido ao seu alto custo e pela necessidade de aparelhagem especializada. Por esse motivo a observação do fenótipo e análise dos parentes ainda é o recurso mais utilizado para se conhecer o genótipo.

Quando um indivíduo apresenta o fenótipo condicionado pelo alelo recessivo, conclui-se que ele é homozigoto quanto ao alelo em questão. Por exemplo, uma semente de ervilha verde é sempre homozigota vv. Já um indivíduo que apresenta o fenótipo condicionado pelo alelo dominante poderá ser homozigoto ou heterozigoto. Uma semente de ervilha amarela, por exemplo, pode ter genótipo VV ou Vv. Nesse caso, o genótipo do indivíduo só poderá ser determinado pela análise de seus pais e de seus descendentes.

Caso o indivíduo com fenótipo dominante seja filho de pai com fenótipo recessivo, ele certamente será heterozigoto, pois herdou do pai um alelo recessivo. Entretanto, se ambos os pais têm fenótipo dominante, nada se pode afirmar. Será necessário analisar a descendência do indivíduo em estudo: se algum filho exibir o fenótipo recessivo, isso indica que ele é heterozigoto.



Cruzamento-teste
Este cruzamento é feito com um indivíduo homozigótico recessivo para o fator que se pretende estudar, que facilmente se identifica pelo seu fenótipo e um outro de genótipo conhecido ou não. Por exemplo, se cruzarmos um macho desconhecido com uma fêmea recessiva podemos determinar se o macho é portador daquele caráter recessivo ou se é puro. Caso este seja puro todos os filhos serão como ele, se for portador 25% serão brancos, etc. Esta explicação é muito básica, pois geralmente é preciso um pouco mais do que este único cruzamento.

A limitação destes cruzamentos está no fato de não permitirem identificar portadores de alelos múltiplos para a mesma característica, ou seja, podem existir em alguns casos mais do que dois alelos para o mesmo gene e o efeito da sua combinação variar. Além disso, podemos estar cruzando um fator para o qual o macho ou fêmea teste não são portadores, mas sim de outros alelos.


2ª Lei de Mendel: Lei da Segregação Independente

Além de estudar isoladamente diversas características fenotípicas da ervilha, Mendel estudou também a transmissão combinada de duas ou mais características. Numa das suas experiências, por exemplo, foram consideradas simultaneamente a cor da semente, que pode ser amarela ou verde, e a textura da casca da semente, que pode ser lisa ou rugosa.
As plantas originadas de sementes amarelas e lisas, ambos traços dominantes, foram cruzadas com plantas originadas de sementes verdes e rugosas, traços recessivos. Todas as sementes produzidas na geração F1 eram amarelas e lisas.
A geração F2, obtida pela autofecundação das plantas originadas das sementes de F1, era composta por quatro tipos de sementes:

9/16 amarelo-lisas
3/16 amarelo-rugosas
3/16 verde-lisas
1/16 verde-rugosas


Em proporções essas frações representam 9 amarelo-lisas: 3 amarelo-rugosas: 3 verde-lisas: 1 verde-rugosa.
Com base nesta e outras experiências, Mendel colocou a hipótese de que, na formação dos gametas, os alelos para a cor da semente (Vv) segregam-se independentemente dos alelos que condicionam a forma da semente (Rr).
De acordo com isso, um gameta portador do alelo V pode conter tanto o alelo R como o alelo r, com a mesma possibilidade de manifestar, e o mesmo ocorre com os gametas portadores do alelo v.
Uma planta duplo-heterozigota VvRr formaria, de acordo com a hipótese da segregação independente, quatro tipos de gametas em igual proporção: 1 VR: 1Vr: 1 vR: 1 vr.



Mendel concluiu que a segregação independente dos fatores para duas ou mais características é um princípio geral, constituindo uma segunda lei da herança. Assim, ele denominou esse princípio como segunda lei da herança ou lei da segregação independente (posteriormente chamada segunda lei de Mendel): Os fatores para duas ou mais características segregam-se no híbrido, distribuindo-se independentemente para os gametas, onde se combinam ao acaso.


A proporção 9:3:3:1
Ao estudar a herança simultânea de diversos pares de características; Mendel sempre observou, em F2, a proporção fenotípica 9:3:3:1, conseqüência da segregação independente que ocorrera no duplo-heterozigoto, originando quatro tipos de gametas.



Segregação independente de 3 pares de alelos

Ao estudar 3 pares de características em simultaneo, Mendel também verificou que a distribuição dos tipos de indivíduos em F2 seguia a proporção de 27: 9: 9: 9: 3: 3: 3: 1, indicando assim que os genes para as 3 características consideradas segregam-se independentemente nos indivíduos F1, originando 8 tipos de gametas.

Numa outra experiência, Mendel considerou simultaneamente a cor (amarela ou verde), a textura da casca (lisa ou rugosa) e a cor da casca da semente (cinza ou branca).

O cruzamento entre uma planta originada de semente homozigota dominante para as três características (amarelo-liso-cinza) e uma planta originada de semente com traços recessivos (verde-rugosa-branca) produz apenas ervilhas com fenótipo dominante, amarelas, lisas e cinza. Esses indivíduos são heterozigotos para os três pares de genes (VvRrBb). A segregação independente desses três pares de alelos, nas plantas da geração F1, leva à formação de 8 tipos de gametas.


Os gametas produzidos pelas plantas F1 se combinam de 64 maneiras possíveis (8 tipos maternos X 8 tipos paternos), originando 8 tipos de fenótipos.




DETERMINANDO O NÚMERO DE TIPOS DE GÂMETAS NA SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE

Para determinar o número de tipos de gametas formados por um indivíduo, segundo a segregação independente, basta aplicar a expressão 2n, em que n representa o número de pares de alelos no genótipo que se encontram na condição heterozigota.


Obtendo a Proporção 9:3:3:1 sem Utilizar o Quadro de Cruzamentos



A 2º lei de Mendel é um exemplo de aplicação direta da regra do E de probabilidade, permitindo chegar aos mesmos resultados sem a construção trabalhosa de quadro de cruzamentos.
Vamos exemplificar, partindo do cruzamento entre as suas plantas de ervilha duplo heterozigotas:

P: VvRr X VvRr

•Consideremos, primeiro, o resultado do cruzamento das duas características isoladamente:



•Como desejamos considerar as duas características simultaneamente, vamos calcular a probabilidade de obtermos sementes amarelas e lisas, já que se trata de eventos independentes. Assim,



•E a probabilidade de obtermos sementes amarelas e rugosas:



•Agora a probabilidade de obtermos sementes verdes e lisas:



•Finalmente, a probabilidade de nós obtermos sementes verdes e rugosas:



Utilizando a regra do E, chegamos ao mesmo resultado obtido na construção do quadro de cruzamentos com a vantagem da rapidez na obtenção da resposta.




A RELAÇÃO MEIOSE E 2ª LEI DE MENDEL

Existe uma correspondência entre as leias de Mendel e a meiose. Acompanhe na figura o processo de formação de gametas de uma célula de indivíduo diíbrido, relacionando-o à 2ª Lei de Mendel. Note que, durante a meiose, os homólogos se alinham em metáfase e sua separação ocorre ao acaso, em duas possibilidades igualmente viáveis. A segregação independente dos homólogos e, consequentemente, dos fatores (genes) que carregam, resulta nos genótipos AB, ab, Ab e aB.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

reprodução medicamente assistida

Reprodução Medicamente Assistida
1.Inseminação artificial ou IUI (Intra-Uterine Insemination):
Pela inseminação artificial dá-se a transferência mecânica de espermatozóides, previamente recolhidos, tratados e seleccionados, para o interior do aparelho genital feminino, na altura da ovulação. Permite assim aumentar as hipóteses de fecundação.

2.Fertilização in vitro ou IVF (In Vitro Fertilization):
É a mais complexa!
Consiste na recolha de oócitos e de espermatozóides e da sua junção em laboratório, mais concretamente numa placa de Petri. O zigoto continua a ser incubado in vitro no mesmo meio em que ocorreu a fecundação, até que se dê a sua segmentação.
No estado de 6 a 8 células, é transferido para o útero para que ocorra a nidação (implantação e desenvolvimento).

3.Injecção intra-citoplasmática de espermatozóides ou ICSI (Intra Cyto-plasmatic Sperm Injection):
Consiste na microinjecção de um único espermatozóide directamente no citoplasma de um oócito. Depois o embrião é implantado segunda a mesma técnica utilizada na situação acima referida.
Na maioria dos casos, a obtenção do espermatozóide é por via cirúrgica.

4.Transferência intratubárica de gâmetas ou GIFT (Gamete Intrafallopian Transfer):
Os dois tipos de gâmetas são transferidos para o interior das trompas de modo a que só aí ocorra a sua fusão. Neste caso, a fecundação tem lugar in vivo.

5.Transferência intratubárica de zigotos ou ZIFT (Zygote Intrafallopian Transfer):
Ambos os tipos de gâmetas são colocados em contacto in vitro, em condições apropriadas para a sua fusão. O(s) zigoto(s) resultante(s) são então transferidos por laparoscopia para o interior das trompas.

6.Diagonóstico genético pré-implantação, Biópsia de embriões ou PGD (Perimplantation Genetic Diagnosis):
Consiste na extracção de um único blastómero de um embrião com seis ou oito células, sem causar qualquer dano – biópsia do embrião.
O PGD permite assim fazer o rastreio de aneuploidias.

7.Crioconservação de gâmetas e de embriões: Conservação de espermatozóides e embriões excedentários por congelação a baixas temperaturas recorrendo ao azoto líquido, obtendo-se assim temperaturas abaixo dos -196 º C.

Estes dois tipos são acessórias mas também de extrema importância.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Infertilidade humana

Infertilidade Humana

A infertilidade é a incapacidade temporária ou permanente de gerar um filho ou de levar uma gravidez até ao seu termo natural. Apenas se considera a infertilidade quando um casal tem relações sexuais regularmente, na ausência de contraceptivo, durante um período de um ano sem que ocorra uma gravidez. Contudo, uma vez que a esterilidade ou infertilidade total são casos muito raros, após este período de tempo a gravidez pode ocorrer naturalmente ou pode-se recorrer a tratamentos de infertilidade e a técnicas específicas. Subfertilidade é quando um casal necessita de mais tempo do que o habitual para conseguir conceber naturalmente uma gravidez.
Vários estudos efectuados revelaram que 85% dos casais após um ano e meio de tentativa alcançam a gravidez tão desejada. Cerca de 15% dos casais após esse período de tempo necessita de recorrer a tratamentos e a assistência médica.
No geral, considera-se que tanto a mulher como o homem contribuem com 40% dos casos de infertilidade do casal, os 20% restantes são causas mistas. Não obstante, verificou-se que em 52% dos casos de infertilidade conhecidos estão relacionados com problemas femininos, e apenas em cerca de um terço dos casos totais de infertilidade existem causas de infertilidade de ambos os elementos do casal.
Os estudos realizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostraram que a infertilidade é um problema que atinge cerca de 15% dos casais europeus em idade reprodutiva. Pensa-se que daqui a uns anos um em cada três casais seja infértil.
O facto de os casais optarem por terem filhos mais tarde também pode aumentar o risco de infertilidade temporária ou subfertilidade. Os horários de trabalho inflexível e as aspirações profissionais, sobretudo da mulher, leva a que estas tenham filhos perto dos 40 anos, e nesta altura os níveis de fertilidade começam a diminuir drasticamente. Daí, algumas associações pensam que as mulheres deviam ter o direito de interromper as suas carreiras para construírem família, quando a sua fertilidade está no auge. Os homens também são afectados com este novo estilo de vida, verificando-se que a quantidade e qualidade de esperma está a diminuir.
Outros problemas como a obesidade e as doenças sexualmente transmissíveis também influenciam a fertilidade do indivíduo. Algumas doenças sexualmente transmissíveis podem provocar o bloqueio das trompas de Falópio, impedindo que a gravidez ocorra naturalmente, e tem-se verificado o seu aumento nos adolescentes. O mesmo ocorre com a obesidade. Na Europa, cerca de 6% das raparigas inferiores a 19 anos são obesas, e normalmente, as crianças e adolescentes obesas tornam-se adultos obesos. Normalmente, as mulheres obesas têm uma ovulação deficiente, tendo por isso maiores dificuldades em engravidar.
No entanto, podem surgir outras causas, tanto no homem como na mulher que vão ser referidos mais à frente.
Não nos podemos esquecer que quando um casal tenta ter filhos e isso se torna uma meta a atingir e se deparam com um resultado negativo, mês após mês, isso pode gerar sentimentos de frustração, angústia e ansiedade no casal. Quando casal se apercebe que está perante um problema de infertilidade as suas reacções emocionais, como a negação, ansiedade, culpa, baixa de auto-estima e desilusão podem interferir nas relações familiares e sociais, no desempenho no trabalho e no bem-estar psíquico. Normalmente, a sexualidade do casal também fica afectada, pois o casal deixa de sentir satisfação e diminui a intimidade, tornando-se num acto apenas com o objectivo de se atingir uma gravidez.
A ansiedade e o stress podem levar também ao aumento de infertilidade, podendo o stress crónico ter consequências nas disfunções hormonais, que podem afectar a ovulação no caso da mulher e a produção normal de esperma no caso do homem.

Problemas de Infertilidade Masculina
A infertilidade no homem tem origem em problemas de oligospermia, ou seja, quando há uma produção insuficiente de espermatozóides; em problemas de azoospermia, em que não há produção de espermatozóides, (é de referir que o número médio de espermatozóides por ml no esperma é de 120 000 000 e caso existam menos de 20 000 000 espermatozóides por ml estamos perante um caso de infertilidade); quando há produção de espermatozóides de fraca qualidade, com anomalias ou sem mobilidade; quando se dá uma gametogénese anormal; ou quando o espermatozóide é incapaz de fecundar o gâmeta feminino.
Estes problemas podem ter diversas causas como, disfunção eréctil; problemas endócrinos como hipopituirismo, síndrome de Custing, hiperplasia adrenal congénita ou uso de androgénios; problemas testiculares congénitos ou estruturais, como Síndrome de Klinefelter (resulta da presença de 3 cromossomas sexuais, dois X e um Y, e os indivíduos com esta síndrome apresentam geralmente uma estatura elevada, um pequeno desenvolvimento dos seios e ancas alargadas, testículos pouco desenvolvidos que não produzem esperma ou cuja produção é bastante reduzida e sem espermatozóides, o que os torna estéreis. Podem também apresentar um ligeiro atraso mental, no entanto, alguns dos casos com este Síndrome apresenta aptidões intelectuais normais), Síndrome do Macho XX, Aplasia das células germinativas; temperatura elevada durante a espermatogénese devido a criptorquidismo (neste caso os testículos permanecem no abdómen ou no canal inguinal, não descendo para dentro da bolsa escrotal. O epitélio tubular acaba por degenerar, e não há produção de espermatozóides. Para se resolver este problema pode-se recorrer a uma cirurgia, não sendo sempre eficaz), veia varicosa no escroto ou varicocelo (evita a correcta drenagem do sangue a partir dos testículos, produzindo calor e impedindo a maturação dos espermatozóides, no entanto, pode ser removida por cirurgia); problemas testiculares adquiridos, como orquite viral, traumatismo, infecção por mycoplasma, exposição a radiação, exposição a drogas (álcool, cocaína, marijuana, antineoplásicos, etc.), exposição a toxinas ambientais, doença auto-imune (papeira, doenças sexualmente transmissíveis), doenças sistémicas (cirrose, insuficiência renal, cancro, enfarte do miocárdio, etc.), presença de leucócitos no esperma, disfunções hormonais (secreção reduzida das hormonas LH e FSH ou de testosterona), ejaculação retrógrada (o sémen dirige-se para a bexiga em vez de se dirigir para o pénis); problemas no transporte de esperma como obstrução dos epidídimos ou dos canais deferentes, hiperplasia da próstata e cancro da próstata.


Problemas de Infertilidade Feminina

A existência de infertilidade feminina pode ter origem em problemas de anovulação (ausência de ovulação), bloqueios das Trompas de Falópio, secreções da vagina ou do colo do útero hostis para os espermatozóides, interrupção da nidação, idade, entre outros.
Os problemas em cima mencionados podem surgir devido a disfunções hormonais (secreção insuficiente de LH e FSH, que pode estar relacionado com tumores na hipófise ou nos ovários; excesso da produção de prolactina; hipotiroidismo ou utilização de medicamentos à base de esteróides como por exemplo a cortisona); ovários anormais, o que não permite a ovulação; endometriose (tecido endometrial cresce na cavidade pélvica em torno do útero, trompas e ovários, o que leva ao encerramento dos ovários, não permitindo a libertação do oócito); infecções (DST, inflamações causadas pelo uso de contraceptivos como o DIU), malformações congénitas; secreções vaginais agressivas; tumores uterinos; degeneração prematura do corpo amarelo; aumento da probabilidade de formação de oócitos com um número anormal de cromossomas; diversas doenças (genéticas, auto-imunes, etc.). É de referir que o stress e a ansiedade podem contribuir para a incapacidade de engravidar.


Tratamento
O tratamento da infertilidade está intimamente relacionado com as técnicas de reprodução medicamente assistida, uma vez que quando um casal se depara com um problema de fertilidade, recorre na maior parte das vezes a estas técnicas. Só após várias tentativas falhadas recorrem a outros métodos capazes de resolver algumas causas de infertilidade.
Alguns desses tratamentos são utilizados quando há anomalias nas Trompas de Falópio. Recorrendo-se a uma laparoscopia pode-se extirpar o tecido anormal em casos de endometriose ou cortar aderências na cavidade pélvica. Também podem ser administrados fármacos para tratar a endometriose e antibióticos em caso de infecção. Caso a Trompa de Falópio esteja lesada pode-se recorrer a uma operação cirúrgica, no entanto, esta intervenção pode causar um aumento da probabilidade de ocorrência de gravidez ectópica.
Existem vários fármacos utilizados no tratamento da infertilidade. O citrato de clomifeno ou o citrato de tamoxifeno, tanto podem ser utilizados na indução da ovulação na mulher, como no homem na tentativa de aumentar a quantidade de esperma, no entanto, não foram evidenciadas grandes vantagens no uso destes fármacos. A bromocriptina diminui os níveis elevados de prolactina que interferem com a LH, causando infertilidade em ambos os sexos. Para o tratamento da oligospermia, podem ser usadas as seguintes substâncias: a mesterolona, o ácido folínico, a pentoxilina, a indometacina, a arginina, a kalicreína, o glutatião, o captopril, as prostaglandinas, entre outros.
Apesar de as técnicas de reprodução medicamente assistida, como a inseminação artificial, estimulação hormonal, fecundação in vitro, colocação de embriões no útero, entre outras, serem talvez as técnicas mais utilizadas pelos indivíduos com problemas de infertilidade, pode-se recorrer a técnicas alternativas como por exemplo a técnicas de medicina chinesa, como a fitoterapia chinesa e acupunctura para tratar problemas de fertilidade. No caso do homem estas técnicas podem ajudar no aumento da produção de espermatozóides ou outro tipo de problemas em que os espermatozóides são anormais e podem-se tornar fecundáveis, isto, porque se pensa que estas técnicas de medicina chinesa estimulam energeticamente os órgãos reprodutores. É de referir que caso o homem não produza espermatozóides estas técnicas não o podem ajudar. No caso da mulher, a fitoterapia chinesa e a acupunctura ajudam a melhorar o seu estado de saúde a nível imonulógico, em relação ao equilíbrio e ajuda a atenuar os efeitos da gravidez, como vómitos, ansiedade, dores, entre outros. Assim, o bom estado de saúde da mãe permite um melhor desenvolvimento do feto. Apesar de não saber ao certo a eficácia destas técnicas, existem registos de tratamentos com um “final feliz”, que as técnicas de reprodução medicamente assistida não conseguiram resolver.